sábado, setembro 02, 2006

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Enfim a lembrança remota daqueles dias serenos naquela cidade reportou-me ao meu leito de silêncio e sonolência. Eram tempos de árduo esforço nas ciências e havia uma tábua de salvação garantida havia meses, meses ansiosos pelo despejar, como o Tietê o faz em seu fétido itinerário agonizante por desaguar em um oceano qualquer. Haveria apenas uma noite e cedo tomaria o céu, acima de vinte mil pés onde as nuvens não mancham a moldura, para de lá balbuciar uma tênue interjeição de encantamento .
Sua introspecção perder-se-ia no maculado cenário de cinzas dispostas no ar da Cidade: buzina, sirene, polícia,ambulância, fumaça, barulho. O que outrora fulguraria o caos arrebatador fez-se luz, e agora já era possível reconhecer aquele odor impregnado na atmosfera da Cidade, há muito recostado em seu inconsciente.Outra beleza.
No saguão de um aeroporto, entre as idas e vindas dos elevadores, um cordial “Bom dia, seja bem vindo” inflamava naquela bela jovem um resplendor raro na terra de onde tinha vindo, e pôs entre nós dois um terno passar de três segundos e meio , de gentileza para gentileza. Ser testemunha, a 90 km/h como carona em um carro em meio a uma longa avenida de cinco vias sitiada por colinas, morros, hostilidades e humanos, de todo aquele impacto, obrigou-o a ponderar suas concepções humanistas pretensas: Houvera algum ímpeto de perder a lucidez e lançar mão de tudo aquilo ou apenas oscilar momentos, dentro de um padrão de comportamento comum a todos?A si não entregou-o com o ósculo de Judas, seguiu o caminho pela Cidade, em dias nublados, em botequins amigos. Simulacro da felicidade.

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